domingo, 7 de agosto de 2011

Desconhecida

No até logo do dia
E a noite erguendo sua tenda preta
Ela, desconhecida, surpreendida pela chuva
Tecla depressa
Com os dedos de seus sapatos
 As cerâmicas da calçada
As lâmpadas coloridas de uma festa pública
Com pincéis de luzes impressionistas
Pintam seu corpo
 Como um quadro precioso  
A chuva surfa nas ondas perigosas
E bonitas de seus cabelos
Às vezes desaparece nos cachos misteriosos
Mas o vento ciumento
Não deixa e a descabela
Com os dedos floridos
 Ela tenta, penteia e modela
Mas o vento não demora
 E, novamente, a despenteia
A chuva tenta fazer de seu corpo
Um rio vertical e sinuoso
Que nela a água da vida circula
O vento e a chuva
Comportam-se com a lei da natureza
E eu faço dos meus cílios
Para sua imagem
 Um guarda chuva
Esse quadro precioso das luzes impressionistas
Essa amante do vento e da chuva
Desaparece logo
Como a vida
 Na esquina
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Autor: Rafi M. P.

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