sábado, 26 de novembro de 2011

Teus olhos

Teus olhos
Fontes de mistérios
Ronda das cores e danças místicas
As pedras preciosas
A safira, o ônix, a esmeralda
O diamante, a opala e a alexandrita
Tentaram imitá-los sem saída

Quando viram teus olhos
Cachoeiras de ternura
Abram um mundo de sonho
Irrigam o sol do amor
Plantam jasmim no ar
Águam o jardim de beijos
Com a magia fazem o tempo parar

Teus olhos
Essas obras primas
Pelas ondas do olhar
Viram às vezes o mar
Que leva os barcos pescadores                                                            
A deriva, perdidas no alto mar

Teus olhos
Viram às vezes a noite
Cheio de estrelas de desejo
A lua olha a terra
Pela paixão do luar

Teus olhos
Para seduzir a caça
Produzem pelas ondas do olhar
Um ar exótico embriagador
Que a faz sonhar acordada

Teus olhos
Dois quadros vivos
Duas obras primas pintadas
Pelo Mestre absoluto
Inimitáveis, bonitos
E místicos
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Autor: Rafi M. P

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A mulher Corajosa

               
Num corredor na pós-fronteira da terra
Que dava num mar de nuvens brancas, ondulantes
 Moventes e intrigantes
 Um mar sem margem sem litoral e sem horizonte
Um grupo de homens sentados
Nos degraus flutuantes de nuvens condensadas
Cobertos da poeira da espera
Para receber uma notícia esperançosa da terra

Apareceu um homem também assassinado
Sentou-se num degrau lado a lado
Contou que perante os olhos fechados da estátua da justiça
Jogaram todos os seus processos
Na lixeira de acervos da justiça
Alegando que o cupim do tempo
Destrói todos os carimbos de validade

O homem recém chegado
Contou que ainda no mesmo dia
Foram montadas em frente das tocas na mata
Festas comemorando essa data
Rindo de vossas famílias
E de uma estátua de olhos vendados
Mas que com a chegada da primavera
Apareceu uma mulher corajosa
Digna do uniforme da justiça
Valeu-se da espada da estátua da justiça
Defendendo os injustiçados desamparados
Disse contestando a impunidade
Que existe “infiltração de bandidos
 escondidos atrás da toga”*
 Evocando na mente esta idéia
Será que não chegou a época
De abandonar este conceito da antiga Roma
E desvendar os olhos da estátua da justiça
Para não escapar da frente de seus olhos
Nenhum infrator da justiça?

Os homens se levantaram
Sacudiram as poeiras da espera
Embarcaram nas ondas do mar de nuvens
Rumo
Ao Supremo
Tribunal
Divino  

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Autor: Rafi M. P.

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*Declaração da Corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon.
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Invisível

Ô Invisível                                               
Tua luz te revela
 Detrás de todo visível
 Detrás do círculo da ordem da natureza
Detrás deste imenso rio da vida
Detrás de vibrações da cortina amarela
Do canto do rouxinol
Detrás da janela da festa dos perfumes
Vestidos das pétalas do jasmim e da rosa  
 Detrás dos beijos do beija-flor
Detrás de toda ordem da natureza
Para que a vida se perpetue

 Perante a arquitetura deste universo
Este ser de não ser aparecido
Caminhando perplexo
Quer te chamar com voz alta
Mas não acha uma palavra
Significante da tua grandeza
Todas as letras se tremulam
Dissolvem-se uma por uma
Como uma vela em chama
Porque tu és além da escritura

Este ser de não ser aparecido
Como seu confidente te revela
Que toda noite na solidão
Encorajado pelo silêncio
Ele sobe no topo da montanha
Do desejo de te ver pela linha direta
Mas as luzes das estrelas lhe revelam
Que tu és a luz das luzes
E que seus olhos ofuscados
 Não te enxergarão
                                                  
Seus olhos ofuscados
Perdem a força de te ver
Sem palavra
O movimento da sua língua para
E para dizer que te adora
De topo da montanha se joga
Nas
Ondas
Da lágrima

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Autor: Rafi M. P.

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domingo, 7 de agosto de 2011

Desconhecida

No até logo do dia
E a noite erguendo sua tenda preta
Ela, desconhecida, surpreendida pela chuva
Tecla depressa
Com os dedos de seus sapatos
 As cerâmicas da calçada
As lâmpadas coloridas de uma festa pública
Com pincéis de luzes impressionistas
Pintam seu corpo
 Como um quadro precioso  
A chuva surfa nas ondas perigosas
E bonitas de seus cabelos
Às vezes desaparece nos cachos misteriosos
Mas o vento ciumento
Não deixa e a descabela
Com os dedos floridos
 Ela tenta, penteia e modela
Mas o vento não demora
 E, novamente, a despenteia
A chuva tenta fazer de seu corpo
Um rio vertical e sinuoso
Que nela a água da vida circula
O vento e a chuva
Comportam-se com a lei da natureza
E eu faço dos meus cílios
Para sua imagem
 Um guarda chuva
Esse quadro precioso das luzes impressionistas
Essa amante do vento e da chuva
Desaparece logo
Como a vida
 Na esquina
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Autor: Rafi M. P.

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domingo, 24 de julho de 2011

Ô Negra


Ô negra, tu és a parte da vida.
A vida se compõe da noite e do dia.
O dia se cansa sem a noite
E a noite se desespera sem o dia
Mas tu concorres com a noite.
A noite com uma lua.
Mas tu com as duas.
A lua da noite com o luar frio.
Mas, embaixo dos arcos de tuas sobrancelhas
 Tuas luas,
Com os luares do sentimento humano
 Refletem o desejo de respeito
E de calor humano.
Ô negra, tu ganhas da noite e da lua.
Tu és a parte da vida.
 Respeitosa e amável
Por todo olhar humano.
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Autor: Rafi M. P
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domingo, 10 de julho de 2011

Pobreza

O pão é à longa distância
E o choro fino da criança não chega lá
Uma mulher desamparada
Sem força nem vara para pescar
Numa batalha
Entre o amor materno
E o amor próprio se atormenta

Pouco a pouco
Os ruídos da rua
Retiram-se atrás das janelas
E ela decide sair à rua
Um gerânio também pálido
Para disfarçar a palidez do rosto dela
Empresta-lhe uma pétala

A noite cai e espalha trevas
Ao longe, à luz fraca de uma lâmpada
Namoram os insetos voadores
O cheiro de uma vida boêmia
De um bar na esquina, se exala
Indecisa, na escuridão ela vaga
Pelo cheiro da carne
Às vezes uns urubus pairam em volta
Mas a sua honra é a mesma honra da criança
Ela volta
E, mesmo com os seios secos
           Amamenta

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           Autor: Rafi M. P
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domingo, 26 de junho de 2011

Pipa

Escrevi teu nome numa folha branca
No meu caderno
O Tempo rigoroso se cedeu
não hesitou a contagem regressiva

Me senti um adolescente
Destaquei a folha
Fiz de teu nome uma pipa

A pipa voando no ar
E eu correndo nas ruas, nas praças
No sol, no por-do-sol e no luar
Sem parar

Num lugar, ela pousou-se num florido ipê rosa
Fiz, então, de teu nome, uma gaita
Toquei, toquei
Toquei, toquei
Imitando o sabiá

Ele cantando, não sei onde
Mas, eu tocando a gaita
    Em volta
        Do
   Ipê rosa


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Autor: Rafi M. P

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sábado, 18 de junho de 2011

Distância

Numa estrada deserta
Um silêncio surdo se alastra
Na imensidão da solidão
Mesmo o grito se perde, e não ecoa

Com o tempo
A estrada se alonga
Onde fica a horizonte?
Uma dor no peito
Esta saudade não acaba.
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Autor: Rafi M. P

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Saudade

Saindo de explicações da maioria dos dicionários sobre saudade que dizem, a saudade é "a lembrança triste e suave", e indo para o modo de falar do povo da saudade como: "estou com saudade", "estou com muita saudade", "estou morrendo de saudade", percebemos que o sentimento humano não é um elemento rígido que se estabilize num ponto definido. Ele, dependendo das características da situação e causas, se intensifica e muda constantemente.

Poeticamente falando, a saudade é a manifestação do coração em pranto quando na ausência, por exemplo, da pessoa amada. Dependendo da medida da distância e da duração da ausência a intensidade da tristeza varia.

Em geral,  podemos falar de dois tipos de saudade:
  1.  Quando o principal causador da ausência é o tempo.
  2.  Quando o principal causador da ausência é o espaço-distância.
   No primeiro caso, existe impossibilidade de encontrar o ausente. Porque tanto o tempo passa, o perdido se mergulha na profundidade do tempo. O desespero acompanha esse tipo de saudade. Ele faz mergulhar o pensamento na conformidade anestésica. Consequentemente, a dor desse tipo de saudade se atenua. Resta um tipo de tristeza crônica, às vezes sem efeito, e só se manifesta nas ocasiões da lembrança. Mas, às vezes disfarçada, ficando no inconsciente, provoca estados depressivos. Parece que a pessoa, querendo se mergulhar na profundidade do tempo, tenta encontrar o seu perdido.

No segundo caso, é a esperança que acompanha a saudade. Mas, sabe-se que o 'esperar', sempre causa inquietação e impaciência. A esperança faz virtualmente reviver as lembranças, atiçando ainda mais a impaciência e a tristeza. Todos esses elementos provocam uma tristeza ativa que atormenta cada vez mais. Nessa situação, se a solidão também estiver presente, uma angústia reforça o tormento, e a dor da tristeza fica insuportável.

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Autor: Rafi M. P.

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domingo, 29 de maio de 2011

Racismo

Na rua das palavras,
Mora uma palavra,
O "Racismo", sinônimo da arrogância,
Cruel, pisa a dignidade humana.
Não enxerga que todas as palavras,
Se originam das letras.
E a diversidade da cor,
É o principio de beleza da natureza.
E o Pintor dos dois infinitos opostos,
É quem cria, pinta, apaga e repinta.
E desenha um jardim, um ambiente
Misteriosamente animado, vivo,
        Bonito e,
        Colorido.
       _____________
       Autor:Rafi M. P

sábado, 21 de maio de 2011

Aquário

O Pintor dos dois infinitos opostos,
Pingou uma gota da noite,
Uma gota do dia.
Nasceu no aquário imenso,
Uma sereia morena.
Em cada movimento de sua cauda,
Nasciam ondas circulares
 Dos
 Direitos
 Humanos
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Autor: Rafi M. P