domingo, 26 de junho de 2011

Pipa

Escrevi teu nome numa folha branca
No meu caderno
O Tempo rigoroso se cedeu
não hesitou a contagem regressiva

Me senti um adolescente
Destaquei a folha
Fiz de teu nome uma pipa

A pipa voando no ar
E eu correndo nas ruas, nas praças
No sol, no por-do-sol e no luar
Sem parar

Num lugar, ela pousou-se num florido ipê rosa
Fiz, então, de teu nome, uma gaita
Toquei, toquei
Toquei, toquei
Imitando o sabiá

Ele cantando, não sei onde
Mas, eu tocando a gaita
    Em volta
        Do
   Ipê rosa


--------------

Autor: Rafi M. P

-------------------

sábado, 18 de junho de 2011

Distância

Numa estrada deserta
Um silêncio surdo se alastra
Na imensidão da solidão
Mesmo o grito se perde, e não ecoa

Com o tempo
A estrada se alonga
Onde fica a horizonte?
Uma dor no peito
Esta saudade não acaba.
_______________
Autor: Rafi M. P

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Saudade

Saindo de explicações da maioria dos dicionários sobre saudade que dizem, a saudade é "a lembrança triste e suave", e indo para o modo de falar do povo da saudade como: "estou com saudade", "estou com muita saudade", "estou morrendo de saudade", percebemos que o sentimento humano não é um elemento rígido que se estabilize num ponto definido. Ele, dependendo das características da situação e causas, se intensifica e muda constantemente.

Poeticamente falando, a saudade é a manifestação do coração em pranto quando na ausência, por exemplo, da pessoa amada. Dependendo da medida da distância e da duração da ausência a intensidade da tristeza varia.

Em geral,  podemos falar de dois tipos de saudade:
  1.  Quando o principal causador da ausência é o tempo.
  2.  Quando o principal causador da ausência é o espaço-distância.
   No primeiro caso, existe impossibilidade de encontrar o ausente. Porque tanto o tempo passa, o perdido se mergulha na profundidade do tempo. O desespero acompanha esse tipo de saudade. Ele faz mergulhar o pensamento na conformidade anestésica. Consequentemente, a dor desse tipo de saudade se atenua. Resta um tipo de tristeza crônica, às vezes sem efeito, e só se manifesta nas ocasiões da lembrança. Mas, às vezes disfarçada, ficando no inconsciente, provoca estados depressivos. Parece que a pessoa, querendo se mergulhar na profundidade do tempo, tenta encontrar o seu perdido.

No segundo caso, é a esperança que acompanha a saudade. Mas, sabe-se que o 'esperar', sempre causa inquietação e impaciência. A esperança faz virtualmente reviver as lembranças, atiçando ainda mais a impaciência e a tristeza. Todos esses elementos provocam uma tristeza ativa que atormenta cada vez mais. Nessa situação, se a solidão também estiver presente, uma angústia reforça o tormento, e a dor da tristeza fica insuportável.

-----------

Autor: Rafi M. P.

--------------------------