domingo, 24 de julho de 2011

Ô Negra


Ô negra, tu és a parte da vida.
A vida se compõe da noite e do dia.
O dia se cansa sem a noite
E a noite se desespera sem o dia
Mas tu concorres com a noite.
A noite com uma lua.
Mas tu com as duas.
A lua da noite com o luar frio.
Mas, embaixo dos arcos de tuas sobrancelhas
 Tuas luas,
Com os luares do sentimento humano
 Refletem o desejo de respeito
E de calor humano.
Ô negra, tu ganhas da noite e da lua.
Tu és a parte da vida.
 Respeitosa e amável
Por todo olhar humano.
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Autor: Rafi M. P
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domingo, 10 de julho de 2011

Pobreza

O pão é à longa distância
E o choro fino da criança não chega lá
Uma mulher desamparada
Sem força nem vara para pescar
Numa batalha
Entre o amor materno
E o amor próprio se atormenta

Pouco a pouco
Os ruídos da rua
Retiram-se atrás das janelas
E ela decide sair à rua
Um gerânio também pálido
Para disfarçar a palidez do rosto dela
Empresta-lhe uma pétala

A noite cai e espalha trevas
Ao longe, à luz fraca de uma lâmpada
Namoram os insetos voadores
O cheiro de uma vida boêmia
De um bar na esquina, se exala
Indecisa, na escuridão ela vaga
Pelo cheiro da carne
Às vezes uns urubus pairam em volta
Mas a sua honra é a mesma honra da criança
Ela volta
E, mesmo com os seios secos
           Amamenta

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           Autor: Rafi M. P
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