domingo, 10 de julho de 2011

Pobreza

O pão é à longa distância
E o choro fino da criança não chega lá
Uma mulher desamparada
Sem força nem vara para pescar
Numa batalha
Entre o amor materno
E o amor próprio se atormenta

Pouco a pouco
Os ruídos da rua
Retiram-se atrás das janelas
E ela decide sair à rua
Um gerânio também pálido
Para disfarçar a palidez do rosto dela
Empresta-lhe uma pétala

A noite cai e espalha trevas
Ao longe, à luz fraca de uma lâmpada
Namoram os insetos voadores
O cheiro de uma vida boêmia
De um bar na esquina, se exala
Indecisa, na escuridão ela vaga
Pelo cheiro da carne
Às vezes uns urubus pairam em volta
Mas a sua honra é a mesma honra da criança
Ela volta
E, mesmo com os seios secos
           Amamenta

 ------------

           Autor: Rafi M. P
----------------------------------

Nenhum comentário: