quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A mulher Corajosa

               
Num corredor na pós-fronteira da terra
Que dava num mar de nuvens brancas, ondulantes
 Moventes e intrigantes
 Um mar sem margem sem litoral e sem horizonte
Um grupo de homens sentados
Nos degraus flutuantes de nuvens condensadas
Cobertos da poeira da espera
Para receber uma notícia esperançosa da terra

Apareceu um homem também assassinado
Sentou-se num degrau lado a lado
Contou que perante os olhos fechados da estátua da justiça
Jogaram todos os seus processos
Na lixeira de acervos da justiça
Alegando que o cupim do tempo
Destrói todos os carimbos de validade

O homem recém chegado
Contou que ainda no mesmo dia
Foram montadas em frente das tocas na mata
Festas comemorando essa data
Rindo de vossas famílias
E de uma estátua de olhos vendados
Mas que com a chegada da primavera
Apareceu uma mulher corajosa
Digna do uniforme da justiça
Valeu-se da espada da estátua da justiça
Defendendo os injustiçados desamparados
Disse contestando a impunidade
Que existe “infiltração de bandidos
 escondidos atrás da toga”*
 Evocando na mente esta idéia
Será que não chegou a época
De abandonar este conceito da antiga Roma
E desvendar os olhos da estátua da justiça
Para não escapar da frente de seus olhos
Nenhum infrator da justiça?

Os homens se levantaram
Sacudiram as poeiras da espera
Embarcaram nas ondas do mar de nuvens
Rumo
Ao Supremo
Tribunal
Divino  

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Autor: Rafi M. P.

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*Declaração da Corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon.
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